Ser celíaca(o) e conviver com pessoas que consomem glúten na mesma casa pode parecer um pesadelo, não é? Mas, se houver conscientização, controle e cuidado, os riscos de contaminação podem ser pequenos ou mesmo nulos. Passo por essa experiência, pois convivo com minha mãe e uma tia (ambas consomem glúten), e vou contá-la a vocês.
Quando recebi meu diagnóstico, comecei a buscar orientações que pudessem me situar no universo da doença celíaca. Dentre inúmeras dicas e recomendações, dei-me conta de que não era necessário apenas cortar o glúten, mas também mudar hábitos e me adaptar a uma nova rotina, sobretudo dentro da cozinha de minha casa. Foram necessárias muitas conversas para conscientizar minha mãe e minha tia e fazê-las entender que o glúten se tornaria um problema para mim a partir daquele momento.
Para evitar qualquer tipo de contaminação cruzada, precisei estruturar os espaços comuns da cozinha e separar minha parte da delas. Adquiri forno elétrico, batedeira, sanduicheira, liquidificador, talheres, panelas, utensílios, pano de prato, bucha, temperos etc. Tudo novo, para uso exclusivo de minha comida. Também separei uma parte da geladeira, do freezer e do armário da cozinha para armazenar minhas coisas. Além disso, não compartilhamos o mesmo queijo, a mesma geleia, o mesmo creme de ricota nem os mesmos biscoitos. Tenho todos os meus alimentos separados para evitar contaminação. Quando asso bolo e elas querem comê-lo (porque sempre querem experimentar tudo que faço!), pegam minha faca para cortá-lo, por exemplo.
Minha mãe e tia, apesar de consumirem glúten normalmente, combinaram nunca mais manipular farinha de trigo em nossa casa (ufa!). Elas compram tudo pronto na padaria/supermercado e nada disso entra na geladeira – todos os alimentos com glúten ficam guardados num armário de uso delas e longe do meu. A pia da cozinha é de uso comum, então combinamos de nunca misturar os utensílios. Se lanchamos ou almoçamos juntas, primeiro lavo meu utensílios e os guardo, para depois elas lavarem os seus. Assim, tomando sempre esse cuidado, evitamos a contaminação cruzada. No início, houve confusões e trocas, mas, hoje, ambas estão mais que habituadas a essa rotina e respeitam muito meu espaço.
Acredito que o primeiro passo para essa mudança é a conscientização. Sei que, infelizmente, nem todas as pessoas ao nosso redor são compreensivas e entendem nossas necessidades, mas não podemos desistir de lutar por nossa saúde! Para muitas famílias as coisas fluem rápido, mas para outras é um "trabalho de formiguinha". É importante apresentar àqueles que convivem conosco as recomendações das Acelbras e da Fenacelbra; ou mesmo levá-las a uma consulta com nosso gastro para que sejam orientadas.
Não podemos desistir, pois todo esforço sempre valerá à pena. Pelo menos é o que esperamos!
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