Meu diagnóstico

Descobri-me verdadeiramente celíaca em novembro de 2016, aos 30 anos. Digo “verdadeiramente” porque o diagnóstico correto veio após quase dois anos de luta para descobrir a causa de meus males e quatro médicos consultados. Foi o quarto médico com quem me consultei que acertou, enfim, meu diagnóstico.

Bom, sobre minha história: sempre fui uma criança saudável, sem problemas aparentes de saúde. As lembranças que tenho de meus primeiros sintomas são do final da adolescência. Lembro-me de que, de repente, comecei a sentir queimações e fortes dores no estômago, além de picos isolados de diarreia que duravam dias. Só não me recordo quais eram os tipos de alimentos que me causavam esse mal. Naquela época, minha mãe me levou a um gastro, que me solicitou endoscopia. O resultado: gastrite. Tomei rios de Omeprazol por muito tempo e nunca, mas nunca, tive uma melhora significativa. Após várias tentativas em vão de controlar essa situação, o médico, então, disse-me que meu problema era emocional. Ok, segui minha vida.

O tempo passou, mas os sintomas, não. Eles eram intermitentes, mas pioravam pouco a pouco. Passei dos 20, dos 22, dos 24, dos 26 anos. Foram incontáveis as vezes que fui parar no hospital por causa de dores na barriga e de diarreias. Nesse meio tempo, apresentei também algumas alergias “estranhíssimas” na pele, além de outros tipos, como rinite alérgica constante. Não tenho dermatite herpetiforme, mas convivi com alergias localizadas que duraram meses, por exemplo, todas sem explicação. Da mesma forma como elas chegavam, elas partiam. Em meio a isso tudo, ainda refiz a endoscopia algumas vezes, e os resultados eram sempre normais. Até remédio para verme me receitaram, sendo que eu nunca os tive, pode isso?

Aos 27 anos foi quando, pela primeira vez, meus sintomas se acentuaram de forma a me fazer perceber que, de fato, havia alguma coisa realmente muito errada comigo. Alimentos como iogurte, requeijão, creme de leite, pão, bolo, pizza e biscoitos causavam em mim dores no estômago, muita náusea, gases e intestino mais solto. Não havia uma regra, porque às vezes eu passava mal, às vezes não. Mas, quando passava, era a morte! Sintomas como fadiga, nervosismo, falta de concentração, perda de memória, pernas doloridas e inchadas, queda constante de cabelo, barriga inchada, sono instável à noite e ganho de peso se somaram aos antigos sintomas e passaram a me acompanhar.

Em abril de 2015 resolvi buscar, mais uma vez, meu gastro, o mesmo que me atendeu todas as outras vezes. Baseado nos sintomas que relatei, ele solicitou exames de sangue para detectar doença celíaca e também intolerância à lactose. Ambos deram positivo. No momento do diagnóstico, o médico apenas me disse para procurar a Acelbra-MG, que eu mal sabia o que era, e cortar o glúten da dieta. Só, sem demais orientações! Nem a biopsia ele pediu, pois disse que não era necessária no momento. Saí revoltada do consultório porque achei o médico pouco conhecedor do assunto. Segui a vida, sem dieta restritiva.

No segundo semestre de 2015 todos os sintomas acima listados pioraram, e muito. No desespero, procurei um segundo gastro, o mesmo que, anos atrás, diagnosticou uma prima minha também celíaca. Repeti os exames de sangue e fiz biopsia. Os exames deram positivos e a biópsia, não! O médico disse que eu não era celíaca, apenas sensível ao glúten, e que podia continuar a comer glúten, mas com moderação (oi?). Continuei insatisfeita e comecei a pesquisar muito sobre a doença na internet. No fundo, eu sabia que alguma coisa ainda estava muito errada.

Em março de 2016 procurei, então, uma terceira gastro. Ela avaliou todos os exames solicitados pelos médicos anteriores e concluiu que eu era celíaca (mas que confusão!). Perguntei sobre a biopsia, que nada de errado identificara, e ela disse que a biópsia não era importante nem necessária para diagnosticar doença celíaca, apenas os exames de sangue (oi, como assim?). Sai de lá frustrada e muito, mas muito revoltada com essa disparidade de diagnósticos.

Resolvi, então, por minha conta, cortar parcialmente o glúten, eliminando apenas o que me fazia muito mal. E assim o fiz, mas sem a preocupação com os demais fatores, como a contaminação cruzada. Todo esse processo me frustrou muito. Tenho histórico de doença autoimune na família, então as chances da DC eram realmente grandes. Por meses vivi na dúvida: celíaca ou sensível ao glúten? Eu queria uma resposta verdadeira e só fui encontrá-la quando me consultei com o quarto gastro, especialista em DC, em julho de 2016. Pela primeira vez tive uma conversa esclarecedora sobre a doença. Como eu havia cortado o glúten parcialmente de minha dieta, o médico pediu para que eu voltasse com a ingestão total de glúten pelos próximos meses para repetir todos os exames. De julho a outubro comi glúten loucamente. Claro que todos os sintomas ficaram ainda piores. Foram meses terríveis. Os exames de sangue e a biopsia deram positivos para doença celíaca – a biópsia foi feita por um gastro também especialista em DC.

Após o diagnóstico fui muito bem orientada e hoje faço acompanhamento com esse mesmo gastro. Desde dezembro de 2016 estou numa dieta totalmente restritiva ao glúten. Como moro com minha mãe e uma tia, que consomem glúten, tive que adaptar muitas coisas: comprei eletrodomésticos e utensílios de cozinha novos e separei um espaço no armário e na geladeira só para mim. Tudo é feito e manipulado com cuidado para não haver contaminação cruzada.

Enfim, após toda essa luta, o diagnóstico veio como uma luz em minha vida! Estou há apenas quatro meses nessa vida sem glúten, mas já observei uma melhora muito grande em minha saúde. O apoio do Dr. Célio Jefferson, meu médico, as orientações da Acelbra-MG e todas as informações compartilhadas em blogs, sites, instagram e grupos de facebook têm muito me ajudado. Hoje, a vida está mais fácil – e leve – sem aquele tanto de sintoma ruim!

Comentários